2006/07/27

Crepúsculo

Crepús / culo
azul e rosa
é linda junção de letras
Não pesada como b
i
l
h
ã
o
que até escorre pelo canto da boca
Nem tão leve como borboleta
palavra fina que voa no ar
Palavra mediana
é arte vista e sentida
como se caísse (crepus)
para (pulus) vôo alçar.
Ah angústia!...
de amor desenfreado
amor bandido
amor kamikaze.

Ah, loucura!...
de amor desarmado
amor estraçalhado
amor insistentemente remendado.

Ah coração!...
coração de sintomas
transparecendo hematomas
dos curativos e das porradas
que lhe damos
de mãos emplumadas.

Vida louca de coração.
Coração de vida louca.

Muita coisa pouca?

mula sem-cabeça

Cada dia que passa
vivemos novas emoções
Emoções que enlouquecem
loucos
em loucas arapucas
propriamente
da própria mente
e que nos fazem perder a cabeça
Literalmente.

2006/07/25

de menino

"Tens uns olhos de menino
Doce, bonito e ladino
E és um calhordaço fino:
Só queres amor e ócio
Capadócio."
(Rubem Braga)


Olhos de menino
Olhos! Razão de todo este ser
que pela vaidade pecado meu
depois que vi
só tive mais sede.

Sede, sede!
Até do diabo já busquei
explicação
mas do diabo não
não viria amor tão integral.

E queria, apenas,
que gostasses de mim
Ora, quantos muitos
não querem um recíproco amor?
Mas não,
seus olhos me desrespeitam
me roubam
me enganam.

A compreensão pode ser-me
outro pecado
Me é tão necessária!
Que por todas vezes que tentei
foi buscando principalmente
as respostas
pros seus olhos
e pro encanto que neles encontrei.

Quero mato
estradas e até mesmo
um serzinho nosso
Ver esses seus olhos
entre nós no porta-retratos
da nossa sala.

Olhos de menino.
Dai a ele, Senhor
também um coração de menino.
Que não me ame
(mesmo que eu deseje que ame)
mas que me deixe
ficar perto
sentir o cheiro
que com ele senti
vezes tantas.

Olhos que sorriem
sorriso mais lindo que foi pra mim
que pela vaidade pecado meu
depois que vi
só tive mais sede.

Não me deixe, Senhor!
Morrer com sede
Morrer de sede.

2006/07/18

Deu-me luz aos dias
e a lua
(e brilhante) as noites.

Preencheu todo um vazio
Forte! Sarou-me toda a dor.

Busquei vida
Tive vida
justamente para mim.

Não pode o que me proporciona
vida
querê-la só pra si
eu mesmo que dona
pareço perder a posse
dessa própria vida.

Faz-me parte sim
Me é de grande importância
mas em ou viver por ti
ou viver
Eu vivo.
por precisão, por ar, por ti mesmo
por te proporcionar a vida
ao viver a minha.
Sentimos demais
temos sede demais
mas minhas jovens primarevas
ma alçam a demais saciações
que são inexistentes com você.
O tempo
as circunstãncias
sede demais
que me toma demais
e me faz
em tantas cruéis dúvidas
nos vermos em caminhos desiguais.

Bicho do mato

Homem bicho-do-mato
é o que planta o que come
cuida de criações
e faz da natureza a sua casa.
Homem bicho-do-mato
é o interiorano.
Bichos que lutam
que se entocam
e se canibalam
Bichos de ignorância
e de maldade animal
não são nativos da terra
são os que vivem na capital.
O que me fortalece
e me dizima
Motivo que me desmotiva
de tantos outros
amor/dor
que me fazem amadora
de uma luz
que tantas horas me cega.
Águas que me constroem o mar
mas insalubres
não me matam a sede.
Amor forte
és o meu forte, amor!
De receios
todos apaziguados
quando como uma pequena criança
que toma o peito da mãe
vejo-te em mim entrelaçado:
de iguais
almas
carnes
e pecados.
Dívidas e dúvidas
que nos embaralham
(mesmo já tão embaralhados)
e fazem-nos
sofredores e amantes
disso tudo
a que estamos jurados.


Como os buracos de uma estrada
nos são os problemas:
quanto mais se olha
mesmo que
em defesa
mais tornam-se nítidos
e aumentam.
Parar um instante
e ver o azul
dum horizonte azul
pássaros e flores ao redor...
e ver...

os buracos se dizimam
e a azul montanha
dá-nos um novazul
entusiasmo
para seguirmos em frente
mesmo que por cima de buracos.
(foto: REPRODUÇÃO)

2006/07/04

4 de julho


Menino branco de louro cabelo acinzentado
Na infância muito te vi como namorado
além do sempre colega e amigo
desde os meus 5 anos.

Menino inteligente forte guerreiro
amante de vinho e do Rio de Janeiro
companheiro ímpar em tantas ilusões
sentimentais e divididas
em ombros e bebidas.

Rapaz sério e cara de pau de jornalista
esqueça aquelas conchitas
se não te fazem feliz...
ninguém manda no coração
mas é bom lembrar
que a gente muito se envaidesse...

Comunicólogo amigo Caeté
(até na profissão somos parceiros)
assim como em tantas quadrilhas
de noite de São João.

Quero parceira eterna ser
para que brindemos velhinhos todas as nossas vitórias
e ricos passarmos viajando
em comemoração, um mês
pois sabes que daqui a 30 dias será a minha vez.

2006/07/03

NAIPE DE COPAS


Como um crepúsculo
as coisas acontecem.
A flor desabrocha
a fonte seca
as crianças crescem.
Naturalmente
ou por sinceridade e desejo profundo
eu
você, sem absurdos
eu
você
verdadeiramente como muito desejei
profundo
enquanto em outro continente
nosso futebol estava vitorioso
e diante dos olhos do mundo.
Éramos também um mundo.
Agora, prestes a acontecer.
(Foto: REPRODUÇÃO)