2006/08/09

À Rocha


Olhos negros
fonte de luz
em prazeres abstratos pra mim.
Corpo jovem esbelto
que fica a assaltar-me
hipóteses
de como seria
(mais perto).
cheiro que vejo em sorriso
pulsar que tateio com audição
és encanto
que desde a primeira idéia
faz-me desejar (e tanto!).
atração
confirmações leminskianas de alma:
poetas e em calma
quero ser água
águia
e borboleta
para um dia pousar em ti, rocha
ao som de anjos tocando corneta
sucessivos a explosão
do encontro de nossas estrelas.

Da conclusão (homo-sapiens)


Virtuosos aqueles
que vêem alma
como em ti vejo
(que vês).
Belos aqueles
que movimentam-se em palavras
de República de Platão.
Homens, nós
que amamos
que anseiamos
que nos fazemos.
Homens nós.
que ainda que virtuosos e belos,
homens.
Deuses, quimera! mas deuses não.
Somos cérebro e coração
de antártidas e vulcão
simetria e imperfeição.
Cuidadosos, portanto
há de sermos:
para não nos decepcionarmos
com o brilho do diamante
que juramos ser centelhas.
No rebanho há negras
e brancas ovelhas.
Mas no escuro, não.

2006/08/08

Idas e vindas


o dia
que podia
ia.
o dia
que pode
vai.
o dia
que poderá
irá.

a noite
que podia
vinha.
a noite
que pode
vem.
a noite
que poderá
virá.

e entre
este poder
de ir e vir
dia e noite (rapaz e dama)
fazem do céu
uma cama
de lençóis
brancos azuis e pretos
onde se misturam,
perfeitos
gozando crepúsculos.

e eu
(mera mortal)
em poesia e desejo
imagino-te
em peito
abdômem
e músculos
indo e vindo
loucos e lúcidos
enquanto velo
esta dama
que agora, cansada,
dorme apagada
deitada em estrelas
e respirando madrugada.

2006/08/02

Vejo-te, enfim em poesia
Não cordas de harpa
até porque essa não é
minha dança
Ênfase sim, pros trovões
que estes ouvidos
hão sim de já terem ouvido
Para você poesia
na sua poesia
agora me iluminar.
Água!
curso de riachinho
que corta fazenda
Foz de rio grande
como a de um estrondo de São Francisco
mas poesia.
Harpa de cordas
não em poesia
enfim, te vejo
harpas de corda
na sua alma simetria.
Goiabada e queijo.

Tudo muito bom
muito tranquilo
que me remete a pele do pêssego.
Ele azul e fofo tão cômodo
tão natural
tanta banalidade
(todo um tesouro)
se difundia com o meu oxigênio.
Eu feliz
simplesmente respirava...