2006/10/26

Olhos de luzes



Uma cidade que nasce diante dos olhos
(tantas amarelas
e pratas luzes!)
quanto movimento de carros
a quilômetros pelo anel
Anel estímico
desta senhorita B...

Cidade luzes!
ruas e marquises
escadas, os bairros, as estradas.

E pensar em cinturão verde...
que um dia substituiu essas
pratas luzes,
que um dia fez desta uma
Cidade-jardim...

Aí veio o progresso:
viaduto demolição asfalto
(a história se viu diante de um assalto)
e as armas do progresso
foram mais fortes.
O homem em sociedade e ordem
olhou lá no espaço o horizonte
e fez este por aqui
(com tantas amarelas
e pratas luzes!)
Como que se pedaços de Lua
estivessem espalhados pelas ruas
a iluminar pratear e acostumar
os olhos carentes cansados e esfomeados
de todos aqueles que olham pra esse chão
e inevitavelmente acabam apaixonados.

Como mariposas sedentas
que encontram na luz
tanto vida quanto mortais pecados.

(FOTO: REPRODUÇÃO)

2006/10/25

É sede

É sede.
É sede.
Não é matar a vontade,
é sede.
É como que com sede
queres água,
mas pela sede bebes suco,
cerveja e refri
para matar a sede
pois não mata-se a vontade.

BatCaverna

As pessoas mais vividas
são as que me ensinam mais.
São as que convivo mais.

Não gosto de Malhação e
Mc Donald's
de festa muito cheia,
de muitos nomes
frescuras e poses teatrais.
Gosto de brindar com os amigos
a cerveja
de trocar poesias sobre a mesa
de ser a mascote
a que mais se habilita a ouvir.

Cininho, na terra do Nunca
brindando todos após a labuta
uma sinuca no butequim.

amor-perfeito de poeta


Disse a ti
poesias tão suas
invenções intenções inspirações
minhas, de verdadeiras flores em jardim.
Poeta deve casar com poetiza
para que se tenha
mesmo felicidade abstrata
não sorriso de contente,
porém ingrata
incompreensão
que se abafa nas luzes do seu olhar.
Mas eu assim também gosto
continuo aqui a escrever
desses teus olhos indecifráveis
sorriso perfeito em boca desenhada
palavras de graça
piloto singular.
Cheio de qualidades cascais
sinto que não tenha alma
de tanta beleza.
Amor perfeito seria blefe
ou estaria apenas
em jarros sobre a tua mesa.

Estrela de mãe



Duas irmãs
e desde sempre a minha
cor é rosa.
Rosa boneca
rosa camisola
rosa lacinho
rosa merendeira.
Mamãe fazia-me
princesa do planeta Marte
pedia-me ser estrela
Luz que clareia
mesmo que não a que mais brilhasse.

Ainda me vejo
lá longe
Marte é uma das estrelas brilhantes
e rosa.

2006/10/24

Intenções


Já distratei muito de mim
-do meu corpo, sei também.
Precisei esculpir-me de alguma forma
ajustar meus ponteiros para esta hora
que consigo ver brotar em mim
mais sonhos
(como o de ver brotar em mim
uma criança anjo sonho)
em lucidez encantos e encontros
principalmente depois de ter tanto
corrido
suado
e minha alma comprimido
às beiras e ao ponto.

Em mim não há luz
que possa satisfazê-lo.
Sendo que,
o mais verídico
é nele não ter luz que me satisfaça.
Mas aí está
a poesia
em confusão e jogos de palavras.

2006/10/23

A CHAMA


Quando a chama se ascende
idealiza-se a Luz
fugir a escuridão.
Não busque
esta chama
na qual se análoga a dama:
que apesar de pontilhada
de estrelas
(já tem luz)
é negra.

A CHUVA


A rua passou o dia
olhando pro céu.
Inveja:
Já é dama
e a rua
molhadinha...

DESEJO NOTURNO


Nesta dama negra pontilhada de estrelas
quero ser dama
a sua.

Te pontilhar com meus beijos
e perdidos
entre as estrelas
chegarmos a Lua.

(Foto: REPRODUÇÃO
Noite Estrelada - quadro de Vincent van Gogh)

2006/10/18

Na mesa

Entrando no bar
a senhora disse:
"nossa! que café demoroso!"
passa o rapaz com sacola de refrigerantes
sobe a praça um trator
meninos em frente a igreja
eu, aqui na mesa.
O número do meu quarto
é quatro
pousada real
e eu aqui com tudo isso especial
chuva cái lá fora
cerveja aqui dentro
meu novo companheiro
bonequinho do Mickey
usa vermelho
igual eu.

De querer escrever


Caneta minha
é de tinta azul
da cor do céu
(céu de Luz, vida
azul representa o que
os olhos entendem disso)
na alma não vejo breu
e essa caneta
mamãe arrumou pra mim,
a meu pedido.
Escrevo por tudo isso.

Da onde

Varanda com pára-peito de madeira
Coqueiros pequenos a fronteira
forro vermelho sobre a mesa
como minha camisa
e a do Mickey.
Riqueza assim nem ganhando
nas máquinas que caçam níqueis
(em Las Vegas).

Diamante

Os bichos jogam cartas
e discutem quem vai comprar cigarros
"lá embaixo"
perto da Matriz de Bom Jesus do Amparo.
"Cuidado pra não esgorregar aí",
disse um deles
para um que descia a escada pra ir embora.
Assim é fácil entender, ora!
Na civi(infe)liz ação
são pouquíssimos os corteses
aqui e em onde tem os elementos
só se fazem fregueses.


Bom Jesus do Amparo
daquela maldade ainda amparada
vejo serra azul Geral e igrejinha azul
como no postal
vejo árvores e pracinha
um cachorro com língua afora
que gracinha!
Sente de bicho
o que sente-se bicho:
pouca civilização pós-moderna de 2006
cerveja e cigarrin de palha.
Obrigada Senhor!
por estar na minha vez.

Do Raio


Luz! Está claro!
(agora com estas nuvens de chuva e a noite)
o raio deu a sua cara.
Luz! natureza mãe
alguém discorda?
Sei como ao pular corda
quando os pés no chão tocam
e eu estou em pé.
Com fé.
Vem da Luz a vida cor e cura
é o que resplandesce no negro a brancura
como o raio
ao céu rasgar.
Tão bonito quanto o luar,
mas com a diferença de trazer com a chuva
um friozinho
pra dormir abraçadinho
almas de anjos
depois de tempestades e bonanças carnais.

Em Bom Jesus



A fumaça do cigarro de palha
espanta os mosquitos
e eu nem me importo com isso
tendo às costas o Bom Jesus
e a frente também (por toda a volta)
na Praça Cardeal Motta.

2006/10/10

Tempo de saudade


Sinto muita saudade
quando leio agendas passadas
fico triste
até que me lembro da felicidade
aí dá vontade de repetir
fazer para que se viva
daquela forma
numa agora modernidade.

O sapatinho azul que ganhei de Natal
o porco de pelúcia rosa
dos vinhos, música e prosa
noites de lua, abraçados para fumar
ou ver TV
lembrando assim de saudade
a gente pelo menos goza
enquanto o senhor Tempo lá fora
passsa fingindo não nos ver.

2006/10/09

Esperança de amar


Eu seria com você
principalmente por ser com você
a pessoa que puder representar o prazer
de sorriso, alma e claro, de físico
e para isso sei que não será preciso
eu ser mais do que já seja
para ti o meu ser.

De coração


Por mais que pelos minutos
e eternidade
e as três cervejas que bebamos
valem mais essas mágicas horas
onde juntos estamos.

2006/10/02

(C)ÉU DE (M)ARTE



Pergunte ao É
do que be
ao tio José
e à planta, que cresce
em pé
(ela é verde
pela Luz verde-
realidade fotossíntese)
eu em CRISes
também sei fazer fotossíntese
por isso
vivo
e o que me dá força são essas
fotos
fatos
e sínteses
(o meu céu é Rosa
o meu céu é de Marte)
- fica eu, a parte
rosa
em ênfase
por todas nossas antíteses
e céu de gases.

SUTILEZA FELINA E NOTURNA


Numa dama negra
de delírio
cio
e fantasia
Vejo-me mulher-gato
ligeira e plena
a escorregar
pelas nossas ruas.
Busco o seu muro
a sua casa
cama
e mesmo que eu
não te encontre
(talvez você esteja dormindo)
vigio os teus lugares
e mio
em segredo
nossos beijos e meus cânticos.

Senhora do fogo
tenho a dama
como endereço:
não permaneço:
já clareia
um céu azul e frio
e já cantam os pássaros
venerando aquele dourado e apressado
Sol que desconheço:
amanheço.

Respondendo a dama negra
de delírio
cio
e fantasia,
acorda-me este Rapaz sorridente
(que dura a té o Sol poente)
e presenteia-me com Luz
horas e ensaios de poesia.

Mulher-gato e pervertida
espero de ti, Batman
o sustento abstrato
para cada uma das minhas
sete vidas.